Pages

Resenha - Angra - Angels Cry (1993)


Saudações, jovens !
Para mais uma resenha do Metal Brasil, nada melhor do que um trabalho nacional sendo pautado.
O álbum debut de umas das maiores bandas de Heavy Metal do país, quiçá do mundo: o Angra.


Angels Cry foi lançado em 3 de Novembro de 1993, com a esmagadora maioria das músicas sendo do primeiro demo tape da banda, Reaching Horizons, lançado no ano anterior. É nessa primeira obra que vemos o primor da dobradinha Matos-Bittencourt, demonstrando a grande habilidade dos dois na composição.

A Unfinished Allegro, composição de Franz Schubert, abre o álbum. Logo de início, você estranha: "- Por que uma banda de heavy metal está começando o primeiro disco com uma faixa instrumental clássica ?" Respondo: Pois a simplicidade clássica vem para dar espaço rapidamente a explosão emocionante do rock.

Carry On é, definitivamente, um hino do metal nacional. Não por toda a empolgação que ela te traz, de te fazer cantar, agudinho por agudinho, igual ao André Matos. Ela é uma canção para se prestar atenção em cada coisa: Na letra, nas guitarras, no baixo, na bateria. É a canção que "chuta o balde", com a água dentro. Não importa seu estado de tristeza até esse momento. Ouvindo essa canção, você vai sentir a vontade de seguir em frente.

A próxima música é a primeira do álbum que tem a parceria Matos-Bittencourt, e em alguns momentos parece ser uma homenagem ao Led Zeppelin: Time. Pela levada simples do começo, indo rumo a um riff avassalador, que lembra um pouco Kashmir, além das linhas de baixo do Luis Mariutti e a bateria do Alex Holzwarth (Sim, amiguinho. O baterista do Rhapsody dividiu a "cozinha" com o Luis nesse álbum), devemos destacar também o vocal "simples", emocionado e poderoso do André.

Vamos para a faixa homônima do álbum, Angels Cry. Mais uma da dupla dinâmica do Angra, seguindo os passos da homenagem ao Led Zeppelin da música anterior, só que com uma pegada forte logo no ínicio. Essa, tem um "quê" de especial por ter referências clássicas, como o arranjo de "Caprice no. 24" de Paganini e uma pontinha de "Turkish March" de Mozart. Os vocais do André lembram rapidamente seus tempos de Viper. Simplesmente, a faixa mais pesada do álbum.

Você gosta de leveza, e ver um cantor mostrando todo seu potencial vocal ? Então, Stand Away foi feita para te emocionar. Imagino o quanto seja difícil cantar essa no tom original, até mesmo pra quem consegue chegar no máximo que essa faixa exige. E mais: Para um vocal masculino chegar a um ponto desses, que apenas uma soprano consegue com perfeição, é maravilhoso !

Por que não homenagear um dos grandes do seu país ? Never Understand cumpre esse papel. Com ritmos nordestinos, e se iniciando com um breve arranjo de "Asa Branca" do saudoso Luís Gonzaga. Aqui, o ritmo nordestino flerta com o Heavy Metal, fazendo uma junção que estranhamente fica estupendo. Destaque para o Luis e o Alex. A "cozinha" brilhando !! Detalhe para o Kai Hansen, ex-Helloween,  na guitarra nessa faixa.

Homenagens, homenagens. Espera aí. Um COVER da Kate Bush ? Sério ? SIM. E o mais engraçado: Ficou melhor que o original. André Matos é uma figura por ter aceitado cantar Wuthering Heights e, por incrível que pareça, dado conta do recado. Na demo tape de 1992, a versão desse cover é mais veloz. Porém, aqui vemos que o tom da música foi respeitado, para uma grandiosa performance de todos.

Streets Of Tomorrow vem pesada e vagarosa, tomando certa velocidade progressivamente. Está junto da Angels Cry como as músicas mais pesadas do disco. Destaques para o instrumental da canção. Não é uma das músicas mais pedidas nos shows, mas ela possui arranjos interessantes.

Evil Warning, aquela que te traz um sorriso amarelo no rosto. "Ah, mas por que ?" Simples. Ela mistura TRÊS coisas ao mesmo tempo: Heavy Metal, arranjos clássicos e ritmos brasileiros.  A marca registrada do Angra. Ainda com um breve arranjo de "Winter" do Vivaldi. Referências, my friend.

Então, chegamos no final. O problema de Lasting Child é ter a responsabilidade de fechar uma obra muito boa. Ela não te chama, não chega a te emocionar como deveria, mesmo sendo uma balada. Tem belos arranjos clássicos, mas de tanta coisa que você já ouviu até aqui, a canção parece muito "normal".

Enfim, chegamos ao veredito: Como primeiro disco, o Angra começou abalando as estruturas. Trouxe coisas novas, o resultado das misturas foi satisfatório e entregou um grande disco para ser saboreado por diferentes tipos de público, do headbanger ao apreciador leigo.

 Formação da banda neste disco:
- André Matos (Vocal)
- Rafael Bittencourt (Guitar)
- Kiko Loureiro (Guitar)
- Luís Mariutti (Bass)
- Alex Holzwarth (Drums*)


Angra
Gênero: Power/Progressive Metal
Lançamento: 3 de Novembro de 1993
Gravadora: JVC/Victor


* Menos na faixa 7 (Wuthering Heights), que foi assumida por Thomas Nack*


Nenhum comentário:

Postar um comentário

.